A fonte solar fotovoltaica será a principal força motriz do crescimento das renováveis, estabelecendo novos recordes de instalação ano após ano de 2022 até 2040, aponta relatório da Agência Internacional de Energia (AIE). Em uma prévia do estudo World Energy Outlook, a entidade discorre sobre os impactos da pandemia de COVID-19 no setor de energia e faz previsões do desenvolvimento da indústria nas próximas décadas.

Essa perspectiva de protagonismo da tecnologia solar é mais proeminente nos dois cenários mais ambiciosos propostos pela AIE, o cenário de desenvolvimento sustentável e o cenário de emissão zero até 2050, mas também é uma realidade no cenário que leva em conta apenas as políticas de transição energética já existentes.

Nesse cenário mais moderado, a fonte solar terminaria 2040 com uma geração anual de 4,813 TWh, superando o segundo colocado, uma combinação entre geração eólica onshore e offshore, que totalizaria 4,019 TWh. Embora a diferença entre as duas classes de geração diminua no cenário de desenvolvimento sustentável, a fonte solar manteria a liderança com uma geração anual de 8,135 TWh.

“Eu vejo a solar se tornando a fonte dominante do mercado mundial de eletricidade”, disse o diretor executivo da AIE, Fatih Birol. “Se governos e investidores acelerarem as iniciativas de geração limpa em linha com nosso cenário de desenvolvimento sustentável, o crescimento da solar e da eólica será ainda mais espetacular e bastante encorajador para superar os desafios do clima global.”

Porém, a agência alertou que as redes de eletricidade podem ser o elo fraco da transição energética, prevendo que a próxima década será decisiva. A demanda esperada para novas linhas de transmissão e distribuição nos próximos dez anos deverá ser 80% superior a década anterior, o que requer investimentos significativos para melhorar a confiabilidade e a segurança do suprimento.

Essa demanda virá em um momento em que as empresas de emergia de todo mundo, afetados pela queda de demanda decorrente da pandemia, estão tendo que lidar com uma saúde financeira piorada, criando gargalos e aprofundando as disparidades entre os países capazes de investir em melhorias na rede. A AIE avalia que as receitas do primeiro semestre de operadores de sistemas de transmissão caíram entre 3% a 5% nos EUA, China e Alemanha na comparação com o mesmo período de 2019.

O relatório também argumenta que, enquanto a proliferação de renováveis parece pronta para acontecer nos próximos 20 anos, sem um impulso mais decisivo para a descarbonização e um conjunto de políticas mais ambiciosas, não haverá uma grande redução das emissões globais.

“O mundo ainda está distante de uma recuperação sustentável”, aponta o estudo, concluindo que as emissões de CO2 de 2030 superam as de 2019 no cenário mais cauteloso. O veredito é que evitar novas fontes de emissões não é o bastante para limitar o aumento da temperatura global conforme as metas do Acordo de Paris, e a infraestrutura existente precisa ser trabalhada de forma a reduzir as emissões, com as transformações indo além do setor de energia.

“Apenas mudanças estruturais mais rápidas na forma que produzimos e consumimos energia podem quebrar a tendência de emissões de forma efetiva. Os governos têm a capacidade e a responsabilidade de tomar as ações decisivas para acelerar a transição energética e colocar o mundo no caminho de cumprir as metas de clima”, completou Birol.

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